segunda-feira, 11 de maio de 2009

AOS LIBERTINOS


Voluptuosos de todas as idades e de todos os sexos, é a vós somente que dedico esta obra;
alimentai-vos de seus princípios que favorecem vossas paixões; essas paixões que horrorizam os
frios e tolos moralistas, são apenas os meios que a natureza emprega para submeter os homens
aos fins que se propõe. Não resistais a essas paixões deliciosas: seus órgãos são os únicos que
vos devem conduzir à felicidade.
Mulheres lúbricas, que a voluptuosa Saint-Ange seja vosso modelo; segui seu exemplo,
desprezando tudo quanto contraria as leis divinas do prazer, que dominaram toda sua vida.
Jovens, há tanto tempo abafadas pelo liames absurdos e perigosos duma virtude fantástica,
duma religião nojenta, imitai a ardente Eugênia; destruí, desprezai, com tanta rapidez quanto
ela, todos os preceitos ridículos inculcados por pais imbecis.
E vós, amáveis devassos, vós que desde a juventude não tendes outros freios senão vossos
desejos, outras leis senão os vossos caprichos, que o cínico Dolmancé vos sirva de exemplo; ide
tão longe quanto ele, se como ele desejais percorrer todas as estradas floridas que a lubricidade
vos prepara; convencei-vos, imitando-o, de que só alargando a esfera de seus gostos e suas
fantasias, e, sacrificando tudo ã volúpia, o infeliz indivíduo, conhecido sob o nome de homem e
atirado a contragosto neste triste universo, pode conseguir entremear de rosas os espinhos da
vida.
(sade)

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